Foi publicado em vários jornais um retrato robô do presumível sequestrador da pequena Maddie. Um homem moreno, magro, com bigode, sobrancelhas espessas, dentes saídos e cabelo comprido. A testemunha descreve-o como sendo oriundo do norte de África mas na realidade podia ser o nosso vizinho do lado. Quem vê o retrato só pode concluir que se esse homem é inocente, eu sou a Cicciolina. Não pode ter uma cara mais culpável. Se não sequestrou a Maddie com certeza é culpado de outros crimes hediondos. Esse homem deve ser apanhado seja como for. É feio e mete medo. É possível que nem sequer seja norte-africano. Mas seguramente vive em Portugal. Estamos fartos de ver gente tão mal encarada como ele em todo o lado: na feira do Relógio, na Almirante Reis, na Cova da Piedade. Eu próprio vi-o quando comprei um jornal nos Restauradores. É possível que seja actor nas horas vagas, porque tenho a certeza de que o vi a fazer de dealer em várias séries policiais americanas. Não posso jurar, mas até me parece tê-lo visto num filme português. Fazia, curiosamente, de vilão. É incrível o bem apanhado que está pelo artista, que, segundo parece, foi formado no FBI. Eu já desconfiava que o responsável pelo desaparecimento da Maddie, fosse ele quem fosse, não podia ser branco, loiro e de olhos azuis. Pessoas assim não comentem crimes desta natureza. Eu, pela minha parte, já estou mais tranquilo e, fora isso, está tudo bem.
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Textos de Carlos Quevedo lidos diariamente pelo actor Vitor Emanuel na Antena Um, antes das sete da tarde.
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1 comentário:
tenho um post meio escrito sobre isto onde digo que vilão mais tipicamente série B é impossível. os argumentistas dos McCann estão a perder qualidades.
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