Se for invisual, clique aqui. Se for surdo, continue a ler. Obrigado.

Textos de Carlos Quevedo lidos diariamente pelo actor Vitor Emanuel na Antena Um, antes das sete da tarde.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

O Senhor Comentador aconselha a festejar a passagem de ano

Para nós, gente crescida, a noite de fim de ano é como a noite de Natal para as crianças. Em vez dos presentes trazidos pelo Pai Natal, temos o ano novo trazido pelo calendário gregoriano. Somos todos crianças incorrigíveis com a agravante de todos sermos reincidentes nos fins de ano das nossas vidas, no nosso entusiasmo e em estarmos teimosamente felizes a celebrar um ano que acreditamos ser sempre melhor do que o anterior. A piada é que repetiremos exactamente tudo igualzinho dentro de exactamente 366 dias, porque lembremos que 2008 é ano bissexto. É uma sorte que, apesar de tudo, todos sejamos sobretudo optimistas. Ou, talvez, não seja uma questão de sorte. Talvez, o optimismo do fim de ano seja um momento darwiniano, de evolução da espécie. Todos os que não aceitem a possibilidade de que o ano novo não será melhor que o anterior, estarão condenados a extinguir-se. Só sobreviverão os mais fortes. Ou melhor, os mais fortemente convencidos de que o pior já passou. E que este ano novo nos encontrará mais evoluídos, mais aptos para a sobrevivência. Não é uma má teoria. Outra possibilidade para explicar tanta excitação é que seja tudo mentira e que no fundo ninguém acredite que o próximo ano seja melhor, mas que, por educação, porque fomos ensinados a festejar a passagem de cada ano que passa, continuamos a celebrar a chegada do ano novo. E por fim, a última teoria. Todos sabemos que é tudo a mesma coisa. Que tal como o Pai Natal o ano novo não existe. Mas se oferecemos e recebemos presentes na Consoada, porque não podemos fingir que com o 2007 todos os nossos problemas acabaram? Seja como for, bom ano para todos e não se preocupem que 2009 será ainda melhor.

domingo, 30 de dezembro de 2007

O Senhor Comentador aconselha Sarkozy sobre o que fazer com Carla Bruni

A vida amorosa do Presidente francês Nicolas Sarkozy está a dividir a opinião pública. É verdade que no essencial todos estão de acordo numa coisa: Carla Bruni é bela como a Marselhesa cantada no Coliseu de Roma. A discórdia é se Sarkozy pode ou não pode, em exercício das suas funções, andar numa de namoradinho e andar a exibir a sua conquista. Os guterristas dizem que não, o pudor e a decência acima de tudo. Os santanistas dizem que sim senhor, que como Sarkozy também já tentaram mas que Sampaio não deixou. Os clintonianos, invejosos, afirmam que dentro da residência presidencial pode ser, mas fora é que não. Há gente mais comedida que se preocupa com o tempo que uma namorada desse calibre pode exigir e, como consequência, o pouco tempo que poderá dedicar o feliz presidente às questões de Estado. Os soaristas, ainda com mais inveja, afirmam, tomara eu! Mas não tive tanta sorte. Todos estes são problemas menores. Sarkozy deve mostrar-se com Carla Bruni a toda a hora. Se não será como aquele homem que está numa ilha deserta com a Cláudia Schiffer e que um dia, já muito aborrecido, lhe pede que ponha uma barba e lhe diz: "Eh pá, sabes quem é que eu ando a comer?"

sábado, 29 de dezembro de 2007

O Senhor Comentador quer mais dinheiro para a Defesa

Falamos mal do governo, mas surpresa, surpresa! Podia ser pior. Não digo que podíamos ter um Chávez, que é demasiado pouco europeu. Não digo que podíamos ter um Putin, que é demasiado sul-americano. Mas podia ser pior mesmo se buscássemos entre os líderes do primeiro mundo. Obviamente por cá não está tudo bem quando, entre outras coisas, o sistema fiscal dá benesses às famílias numerosas mas, por outro lado, sugere que os casais pagariam menos impostos se estivessem divorciados. O que se pode deduzir que o paraíso fiscal de uma família seja um par de pessoas divorciadas com oito filhos cada uma. Mas, enfim, este tema fica para outra vez. Voltando à sorte que temos de termos o governo que temos falo-vos de uma noticia de que vem do Japão. O Japão é um país do primeiro mundo com dinheiro do primeiro mundo. Podem gostar de baleias, mas isso não tem nada a ver com países de terceiro mundo que comem macacos. É sem dúvida um país economicamente poderoso mas militarmente fraco por causa da Constituição de 1947. O Ministro da Defesa do Japão, Shigeru Ishiba, quer que se reveja a Constituição que limita o orçamento das forças armadas nipónicas. Para se defender da China? Para erradicar o terrorismo? Errado. E errado. A justificação para corrigir a lei que Ishiba apresenta é uma possível invasão de extra-terrestres. Com um sorriso exemplificou que os mecanismos militares utilizados nos filmes de Godzilla para eliminar ao monstro não tinham base legal. Devo esclarecer que Ishiba é considerado um estudioso dos assuntos de segurança nacional. Nós temos sorte de não termos um ministro da Defesa dessa envergadura. Ninguém imagina Luís Amado a pedir um aumento do orçamento para a defesa do país invocando que não temos como os Estados Unidos, um Superman, nem como os ingleses um James Bond nem como os franceses um Astérix nem somos como os alemães temidos pelo mundo inteiro. O que temos de mais parecido com um super-herói é o algarvio de nome Zezé Camarinha, o terror das estrangeiras e já está velho. Portanto, a justificação do Luis Amado seria: devemo-nos precaver contra um Lex Luthor ou um vilão do Espectro. Dêem-me mais dinheiro para a Defesa!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O Senhor Comentador começa hoje!

Portugueses, mais um esforço! O Natal já passou, mais cinco dias e tudo voltará à normalidade. Eu bem sei que o espírito natalício é muito giro. Mas digam lá se não é um pesadelo? Todas as pessoas foram embora. E aquelas que ficaram a trabalhar, não trabalham porque é sabido que durante a época natalícia não se pode trabalhar porque precisamos das pessoas que se foram embora. E, ainda por cima, tínhamos muito que fazer com as compras, os presentes, reencaminhar os SMS. Tenho os dedos que nem os sinto. A propósito, quem é que escreve essas piadolas? Quem é o cromo que leva este tempo todo a fazer árvores de natal com símbolos de pontuação, arrobas, vírgula, aspas, pontos? Quem é que tem tempo para isso? Essas pessoas não têm ao menos de fazer de conta que trabalham? É verdade que dão jeito. Poderá ser preguiçoso da nossa parte. Mas era muito pior quando tínhamos de escrever postais e tentávamos não escrever dois iguais. Isto não faz com que goste de receber sms. Mas enviar dá jeito, lá isso, dá. E as pessoas casadas que têm amantes? Como é que fazem nesta quadra natalícia? Poderá haver mais stress romântico do que nesta época em que não há tempo para nada?
(ela): Tu vais estar com a tua família e eu vou passar a noite sozinha…
(ele): O que é que estás para aí a dizer? Tu também vais passar a consoada com o teu marido e os teus filhos!
(ela): Sim, mas não é a mesma coisa…
(ele): GRRRRRRR…
Já para não falar dos presentes. Ninguém aprecia o que damos. Está bem, não gastamos muito por que também não temos muito para gastar. Mas e os outros? O sovina do meu cunhado da construção civil que faz rotundas em tudo quanto é cruzamento neste país e ganha num dia o mesmo que eu num ano inteiro e ofereceu-me uma gravata! Será que o gajo nem sequer me quer humilhar? Uma tia minha insistia em dar-me a factura com a desculpa do «podes trocar, podes trocar» só para que soubéssemos quanto tinha custado o presente. Que, diga-se de passagem, não era tanto como ela julgava. E o que comemos nesta época? Tem de ser sempre cozido, caldeirada, rodízio, bacalhau e feijoada? Os almoços com os colegas, os jantares com os clientes, os almoços com os amigos que fazem parte do grupo que se exilou antes do 25. O 25 de Dezembro, pois claro… Esses felizardos! Mas já falta pouco. Só mais cinco dias, contando também com a futura ressaca do dia 1 de Janeiro. Ah! Normalidade! Saudades de ti!