O bastonário da Ordem dos Advogados abriu o Ano Judicial como Clint Eastwood a entrar naquele bar no filme Imperdoável. Lembram-se? O Gene Hackman era o xerife vilão. Depois de ouvir o discurso do Dr. António Marinho até o mais corrupto dos corruptos deve ter chorado e gritado: "sou um lixo, sou um lixo" enquanto mandava vir outra garrafa de champanhe ao grumete do seu iate, ancorado na Sardenha. As duas top-models que estavam com ele na popa, temendo o pior, correram trinta metros para a proa para não incomodar. Sim, o senhor bastonário sabe magoar. Conta a lenda que o Procurador-geral da República, o Dr. Pinto Monteiro, desde aquele dia nunca mais saiu do seu despacho no Rato. Ficou, fechado, a ler todos os jornais saídos em Portugal desde o dia 25 de Abril de 1974 até aos dias de hoje, a tentar perceber de quem esteve a falar o bastonário. O povo também não ficou contente. "Porquê?" "Porquê?", todos perguntavam. A desilusão era enorme. Quem podia imaginar que tantos eleitos pelo povo e para o povo se tivessem deixado seduzir pela ganância. "Afinal, a culpa não é dos comunistas", diziam alguns rapazes de cabelo muito curto. "Nem dos fascistas", replicavam outros de cabelos compridos com charros nos lábios molhados pelas lágrimas. O Bastonário tinha ficado sozinho sem clientes nem amigos ricos. Felizmente esta história passou-se em Portugal. Uma semana depois e duas vitórias por goleada do Benfica e já ninguém se lembrava do discurso de abertura do ano judicial. Todos os portugueses casaram-se e foram felizes para sempre.
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Textos de Carlos Quevedo lidos diariamente pelo actor Vitor Emanuel na Antena Um, antes das sete da tarde.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
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