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Textos de Carlos Quevedo lidos diariamente pelo actor Vitor Emanuel na Antena Um, antes das sete da tarde.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O Senhor Comentador não percebe a animosidade contra as receitas médicas

O esforço do governo para simplificar a papelada e as deslocações a repartições estatais com a espera que isso implica parecem-me louváveis. Odeio participar nas bichas em geral. Nas longas em particular. Por isso sou um fã do Simplex em todas as suas formas e especialidades. Mas apelo ao governo para dar atenção a um pormenor que, segundo me parece, foi passado por alto. Falo das receitas dos médicos. Este pequeno papelinho tem uma importância fulcral nas nossas vidas. Ao que parece, as últimas regulamentações são impiedosas. Qualquer pormenor omitido, uma mínima coisinha rasurada ou uma data mal escrita são suficientes para que a nossa receitazinha vá recambiada para o local de origem. Podemos imaginar a angústia dos nossos compatriotas doentes obrigados a voltar a ver o médico. Ou nos casos dos pacientes impacientes mas com algum dinheiro, aqueles que são forçados a pagar os medicamentos na sua totalidade… Por amor de Deus! Desde que o mundo é mundo que os médicos se esforçam por ter a pior caligrafia do mundo. Só os nossos queridos farmacêuticos têm o curso completo de criptografia avançada, curso este que os habilitou a compreender os hieróglifos desenhados pelos médicos e nunca ninguém se queixou. O Simplex, como disse antes, é uma boa ideia. Mas, por exemplo: quantas empresas podem os portugueses fazer por dia? Quinhentas? Duas mil? Quantas receitas devem ser aviadas diariamente? Cinquenta mil? Oitenta mil? O que é que é mais urgente? Uma empresazinha que normalmente vai ir a falência dois anos depois ou um medicamento para o reumatismo que me anda a doer desde ontem? Convoquemos uma manifestação por sms para que as receitas fiquem no Simplex. Doentes unidos jamais serão doridos. Fora isso, tudo bem.

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